quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Confissão de Adelina

Nunca sei o que é verdade, Nietzsche dizia ser um ponto de vista. Aristóteles uma adequação de mente e realidade. Eu digo que não sei. Por que quem sou eu para dizer qualquer coisa que se valha?
Se o consagrado Fernando Pessoa diz-se fingidor, porque finge que é dor, a dor que deveras sente, assumindo-se assim perde sua verdade?
O que haveria eu de saber que fosse dígno da lógica? Resta-me papear. Confabular comigo o que aceito como real. Viver assim, no meu conto de fadas. Por que não? Tudo é mesmo uma grande interpretação!
Não vou falar em palco da vida agora, fiquem tranquilos! Estou enfadada de alegorias assim.
Estou mesmo é lançando para dentro de mim, apenas, mais um pontinho de interrogação. Porque os adoro...simplesmente! Eles me fazem cocegas de doer, infincam-se por dentro da minha pele causando-me hemorragias internas e as vezes esmurram meu coração. Uma doçura.
Verdades por verdades, troco as minhas por cigarros, porque estão caros e me servem mais.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Comemorando apenas o dia...

Covardia deixar meu sorriso oprimir-se. Ainda mais quando tenho diante dos olhos um céu tão azul quanto posso querer dele.
Inaceitável vencer meus fantasmas e não brindar esse feito!
Tim tim flores e amigos!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sono desperto

Hoje parei meus olhos. Ou pararam eles a mim, não me lembro bem agora. Recordo-me apenas de estagnar em um ponto, sem nada claro a pensar. Vaguei pelo vagão do metrô, sem me mover dali. As vezes mexia lentamente minhas pálpebras, e talvez junto com elas o meu glôbo ocular. Mas os olhos eram fixos, em qualquer lugar.
Não tinha sono. Observava o silêncio aflito do meu pensamento... sem som, ouvia pelos olhos. Sentia o cheiro pelos olhos, e quase que cheguei a tocar.
Li faces, fui ombro de lágrimas contidas, sem sequer nos olhos destes olhar.
Era uma pausa, certamente, do espaço, que me deixou viajar.
Meu coração era calmo e sereno. Eu pertencia ao tempo e não queria voltar...

domingo, 17 de agosto de 2008

I´ll go away now.

I Can´t go with you.
My dreams can´t fly without my eyes being closed.
I need to leave this space, to leave these things, our things.
I will seek another way to live.
But someday I will return from this walk, and I hope that you smile when we meet each other.
Because you are the half of my heart.
I just can´t go.
The sea waits for me.
I will sleep with angels, I will sing with the fairies...
Don´t cry my love.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Diálogos finais

"Não sei por quê raios a ausência de temperos dá-se em mim", pensava ele ao descer do ônibus. "E por que estou com isso na cabeça agora? Exatamente quando desço esses degraus, tão pisados como deve parecer o meu rosto!", refletia ao ventos ocos de seus pensamentos importunos. "Sou sem sal. E não adoço ninguém. Quem haveria de se encostar em mim...só me acossam!"
Foi atravessar a rua, nada viu, e quase não pode pensar, mas pensou, " Ai de mim, que nada sou!" E ali ficou, sobre seu sangue sem gosto. morrendo um pouquinho mais...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sem saudade do que não se foi.

Alguns passos e quero chorar...
É essa solidão que é só minha. Minha, e que ninguém conhece. Talvez conheçam as suas, as deles, não a minha!
Ela é surda para qualquer conselho. Ela é muda para qualquer ombro.
Não há voz em mim que grite toda minha solidão. Não há força que a faça calar.
As vezes inquieta-me. Quero vomitá-la! Vem como uma ânsia sorrateira que desperta bruscamente no silêncio dos meus pensamentos, e desejo jogá-la para fora, no mesmo instante em que chega a minha consciência.
As vezes agrada-me. Convence-me de que sou eu, sozinha, que me levo pelo mundo, e nada pode quebrar-me se só estou.
Mas a verdade é que estou cansada de mim. Farta de mim. Cheia de mim.
Sei que é minha, não posso dá-la e nem dividí-la...mas poderia, em um dia de sol, andando com os pés nus a encontrar o orvalho da manhã, esquecê-la num canto qualquer do caminho...
Deixar a solidão viver-se de si.

sábado, 9 de agosto de 2008

Amora

Cada dia que passa,

mais me encanta,

mais me enlaça.



E eu que pouco faço,

e descaso causo,

me despedaço...



Estou feito tinta,

cheia de graça,

na tela de Picasso.

Dias que passam por nós

As vezes em transe, paro num instante do movimento e vejo ações que passariam desapercebidas. São sorrisos tímidos, olhares de afeto, são votos de um bom dia sinceros. São pedaços de esperança que perdemos pelo caminho. Há, certamente, mais bons corações pelas ruas, pelo mundo, do que maus.
Talvez enaltecer o que temos de belo, de bondade ao nosso redor, seria uma forma de desfazer essa neblina escura que percorre o nosso século...do desinteresse, da desesperança, a falta de ''pressão'' que cala nossos sonhos.

Um grande poeta, o qual admiro e me encanto com suas palavras, escreveu assim: ''Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes (...) E em nome do meu mutante amor proclamo a pureza." (Pablo Neruda)

Quero para os meus olhos as paixões que impulsionam a vida! As alegrias, os amigos, as risadas. É bom entrar em transe, é bom ver uns amando aos outros, amor de espécie, de semelhança. Sem maldade, sem cobrança... Proclamo, também, a pureza!

domingo, 3 de agosto de 2008

Se de leve incita o vento as brumas a voar...

As vezes quando a madrugada poe-me a cambiar e sentir que de mansinho minha vertical se inclina no universo dos sem corpo, tenho uma vontade excêntrica de escrever. Tão excêntrica quanto o meu ''deseixo''.
São meus dedos que brincam de sedição.
Minha ausência de equilibrio é quase como um sono em perpétua vigília. Traz-me sonhos reais e realidades supostas.
Hoje, querendo desanuviar minhas faculdades, vi-me atada. Que posso eu fazer por essa esféra armilar? A que sou útil?
Em meio aos meus dedos, ao meu sono, não obtive resposta sincera de mim. Senti, com frio, que as letras, e só elas, fazem-me companhia. Fazem de mim o que eu posso vir a ser. E temo por mim e por elas. Porque com elas faço suas forcas e minhas escadas, e o oposto.
Não sei de nada. Absolutamente. Mas tenho um bom coração.
E se o herói tem a palavra, assim ele sentenciará! Tenha um bom coração!
Talvez bons corações sejam apenas espadas sem fio, que não vencem guerras, que não mudam o mundo...
As vezes isso acontece, fico a celebrar meus pensamentos com champagne de reflexões e canapés de paradoxos humanos.
Quase nada digo, mas enfado o silêncio, e para mim isto supre.
Enfim, se o vento levar minhas brumas, que leve também minhas cores, porque para voar é preciso ir-se inteira.