segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Retrato

Amélie então brindou, com sua taça fina e cheia de vinho branco.
Brindou sua felicidade que não parava de lhe abraçar!
Tim tim, Amélie vai viajar...tim tim Amélie só quer dançar!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Contos que contou-me um anjo triste

A morada do amor me parece ser distante daqui. Imagino uma casinha coberta de neve, com os raios de sol mais finos a brilhar em sua janela.
Sabe, as vezes eu canso dos meus sorrisos. Sinto que eles não causam nos outros o que desejo... tenho vontade de mandá-los morar com o amor, porque comigo ficam perdidos, e por mais sinceros, eles vão e não voltam como eram... Mas se eles seguirem viagem, quem há, em mim, de lutar pela esperança? Quem se não meus sorrisos me devolveriam um pouquinho de fé? Haveria algo ou alguém que pudesse puxar do abismo fundo da solidão e do medo as flores, poucas, que restam dentro de mim?
O amor se foi, eu sei, não por motivos pessoais, ele se cansou de ser tão sozinho...o amor não pode existir sozinho...por isso se foi, e lá tão distante e frio, se congela para não morrer...
Pobre amor, fadado também por mim. Não posso fadar meus sorrisos...não! Por mais que as traças do mundo as vezes me convençam...
Meu coração anseia tanto por respostas... respostas que já sei para o sempre não ter.
Mas tenho uma maldita ambição de poder carregar o mundo nas mãos, que chego a ser estúpida e desafiar o tempo e o espaço.
Meus sorrisos não curarão todos os doentes...não darão paz aos peitos fechados...
Que aperto trago onde bate o pingente do meu camafeu...que suspiro silêncioso...que responsabilidade pela competência...
Que sufoco errante pela moral, que quero, não quero, para mim.
Por que você se foi amor? Minha sociedade muda conclama-o... Você é nossa salvação...é a minha salvação...
Quando o tenho perto meu coração sente cócegas, meus olhos enchem-se de lágrimas e meus sorrisos não são em vão...
As cores aparecem pintando as ruas por onde passo e toca música lá no céu...
Saudade do seu preenchimento... da razão de viver que você me ensina...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

14oC de mim.

Ai, esse frio cantante! Um frio de movimento...
Hoje li Saramago, depois viver Saramago. Recordei que precisamos nos humanizar...
Essa cidade, tão cheia, as vezes me faz esquecer que eu trouxe no coração uma alma de verdade.
Nem queria...mas estou me escrevendo, desnuda sou alvo fácil.
Fecharei a porta, sim. São minhas despedidas apenas... sussuros para quem quiser ouvir.

E enfim cantarei... ''hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito, e exijo respeito não sou mais um sonhador, chego a mudar de calçada quando aparece uma flor, e dou risada de um grande amor...''




''...mentira...''

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Nos passo calados, estive comigo.

Eu estive caminhando sozinha. Com as mãos no bolso, mas com a cabeça ao horizonte. O vento tocou a minha face e eu lembrei que gosto de vento, eu tinha esquecido. Quando se caminha só se lembra muitas coisas...e se pensa outras tantas.

Estive me perguntando coisas que me pergunto quase sempre...mas dessa vez de um modo mais real, mais sincero e responsável. Cada passo foi como uma longa estrada. Perguntei o por quê que certas coisas acontecem repetitivamente comigo, e me fazem sofrer por situações que eu nem pude viver e sentir verdadeiramente. Foi quase como um balde de àgua congelante que joguei sobre mim mesma.
Sou meu maior infortúnio.
Procurei com os olhos buscar as janelas mais bonitas, ou mais enfeitadas das casas e dos prédios da rua, para distrair-me da culpa...
Mas minha culpa, pude perceber no passo seguinte, é tão ingênua que se desculpa.
Não tenho fé em mim.
Minhas mãos continuavam nos bolsos, e era bom andar, sentia-me dona daquilo que realmente sou. E eu me sentia forte. Quase que com fé.

Fiquei a denominar-me, classificar-me, para me entender um pouco melhor...
Lembrei que pisco pra céu quando quero agradecer à Deus, e que sou engraçada quando tenho vontade.
Depois senti um pouco de raiva por me doar tanto aos outros...e por não cuidar direito da minha saúde...
Permaneci parada ainda diante da porta a refletir-me em mim no meu espelho interno... Amo doces e como por ansiedade...Adoro vestidos e saltos altos...
Perdoei-me das maldades que já fiz, e mais ainda das que deixei que fizessem comigo, pelo menos serviram pra me ensinar a me proteger mais.
De repente, como um soluço que vem do silêncio e desperta a todos, a fechadura me chamou. Minha caminhada se encerrava e meus pensamentos podiam voltar a dormir.
Meu eu é um processo de quilômetros...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Meu presente, minha fé

Eram tão belas as cores que corriam com o vento que atordoei-me de tanto girar para vê-las todas. Tão vibrantes, espalhafatosas, sinceras. Cores sinceras...
E os meus olhos encheram-se de lágrimas cristalinas que de mansinho saltavam para minhas bochechas em finos, belos, transparentes rios...Desembocavam em meus lábios repuxados pelo meu sorriso branco. Sorriso de luz de sol poente.
Ah cores... o que são vocês? Sonhos? Vibrações? Arcos-íris?
São pedaços de mim que de tão cansados padeceram e estão subindo aos céus em felicidade perpétua?
Cores...são minhas divagações, são as belezas sem nome que me deixo homenagear... Se eu fosse artista pintaria esses "pretos e brancos" que assolam meu espaço, que ferem meus queridos, que deterioram toda paz...
Eram tão bonitas as cores que vi. Chorei de amor, chorei de esperança. Sorri porque é o que faço bem.

Ti bumfe

Tem dias que são mergulhos.
Dias em que não há mais o que fazer do que se lançar ao fundo
Do mar.
Do mar de peixes, de peixes do mar.
Porque o mar é dos peixes.
E não há peixe que não tenha o mar, e que não o tema.
Somos de nós.
Temer é fruto do que não tem semente.
Nasce como quem não viu passar,
Cresce como quem não ouviu o vento,
Fortalece-se como quem não falou no verso,
Morre quando o pegam nos olhos, e o olham.
Hoje é dia de mergulho.
Flutuo em mar de mim.
Nado tão ao fundo para encarar quem temo
Que tremo ser peixe.
Que perco o ar, que quero
Não quero,
Voltar. Vou me afogar!
Sinto o frio da água,
Do vazio, das algas em suas coreografias tristes.
Ainda mergulho, no entulho do mar.
E então encontro
Sozinho em mim,
O que outrora preferi não achar.
Mas saltei mar adentro e não posso agora recuar.
Num ímpeto de coragem tomei-o na mão,
Minha mão em palma
Fez-me o olhar.
Olhei tão em seus olhos
Que o matei.
Assim, simples o encarei, e o matei
e sei que vai demorar para ele voltar...
O nado custou meus receios,
o enfado em si tão logo passou.
Posso voltar a margem...
Estou livre para respirar.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Coisas sem sentido...

Bem pertinho estavam, os olhos fixos, sinceros. Olho direito com olho direito, olho esquerdo com olho esquerdo. Depois os olhos se fecham e saem de cena.

Você entrou no meu espaço, fez a costura e deu o laço.
No meu sossego maestrou concertos, quebrou meus pratos...
E já perturbada, sorrindo a toa, permiti aos sonhos que viessem à proa...
Para quê?