segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mitigar

Embalo teus soluços,
Abraço teus pesares.
Não me largo de ti.
Teu choro no meu colo,
meus dedos a te achar...
'eu estou aqui'.

Amanso tua dor,
Versejo teus olhares.
'eu também já sofri'.
Teu ardor no meu peito,
meus braços a te amar...
'Deixa, eu cuido de ti'.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Desejo oculto

Como pude eu me desarmar,
E abrir o peito frio ao teu calor,
E já perder a nitidez do olhar,
porque ceguei-me cedo de amor?

Como se ainda correm em minhas veias
o fél, a mágoa, o suspiro da saudade,
e ainda presenciam as minhas ceias,
as lágrimas ausentes de piedade?

Rezo à Deus pela minha fortaleza,
devolva-me o senso e a nobreza!
Em teu anseio eu sei, me desespero..

Não quero acreditar em sonho ainda..
Porque eu mesma vivo um sonho que se finda..
Mas vejo o meu fracasso, porque te quero...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Anonimato

Pelas ruas sombrias.
Por detrás.
Envolto em cochias,
é onde estás.
Sempre à retaguarda,
sob um olhar curioso,
De tudo te apartas,
pouco ruidoso.
Vais assim vagando,
sempre às escondidas,
segues ocultando,
verdades perdidas.
Ah, o anonimato,
se eu souber,
eu mato!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sempre cabe mais um.

Carlos matou um legislador.
Entrou no parlamento e matou um desgraçado. Hipócrita! Burocrático! Legislanada!
Carlos morava na Zona Leste da grande São Paulo. Todo dia acordava as 5:30 da manhã, caminhava até a rua Ipojuca e, depois de ums 15 minutos esperando o ônibus, embarcava na linha 7985/10 - Dona Maria do Sufoco. Descia, após 35 minutos de viagem, na rua Cajaiba e embarcava novamente em um ônibus 175P/07 - Socorro do Aperto. Iam-se por aí uns 15 minutos, se o trânsito estivesse bom.
Carlos, então, desembarcava na rua Ribeiro do Vale, para pegar sua terceira linha de ônibus do dia, 995A/15 - Santo Amargo.
Aí Carlos trabalhava o dia inteiro. Quando dava 18h ele voltava para casa.
1ª linha: 557Y/10 - Jardim Fedidinho, 2ª linha: 188Z/14 - Terminal Encoxação, 3ª linha: 4152/11 - Acimadalotação, 4ª linha: 14bláblá/05 - Aleluia Finalmente.
A noite Carlos não saía, não tinha amigos e estava economizando: ía comprar um carro!
Depois de alguns três anos e 11 meses ele conseguiu juntar um dinheiro razoável para pagar a entrada e... voilá: um Uno!!
Ah, Carlos estava feliz! Sentia-se aliviado, confortável. Ficava três horas no trânsito, mas era outra pessoa!
Carlos sorria sempre, fez amigos, arrumou uma namoradinha.
Mas um certo dia Carlos viu um de seus colegas de faculdade no ponto de ônibus, e, mesmo estando com o carro cheio, se comoveu pelo companheiro e disse:
- Sobe aí, um apertozinho não machuca ninguém.
E o uno seguiu caminho com 6 pessoas.
Claro, Carlos não era sortudo. Marronzinho, CET, multa.
Aí Carlos matou o cara do parlamento, porque ele se considerava justo.
É...Tem gente que é "doido" mesmo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cri cri

Leva o ar aos montes brancos, nos choros de neve, a sua lembrança.
Que vista branda da tua janela, que coro enclausurado!
Um medo que é seu e nos aparta, como ao soltar a flecha a mão perde sua vez,
Fica então apenas as rasas, rosas, lindas, claras, tão claras, vagas, quase que apagadas, as memórias.
Nada dançou aos céus, nada brincou de noite, nada presenciou os pôr-do-sol do meio dia.
Nada de você.
À margem do rio, à espera, deixei partir os peixes, as sereias, as águas mais límpidas. Adormeci como as pedras. E já não sabia mais se eu estava no rio, ou se o rio vinha de mim...
As estações mudam de repente, são previsões inquietas.

Amar presumidamente é de quem mente, de quem esconde por de trás das flores o sopro da desilusão...
O seu canto é grilo no mato, e não mais preenche o meu coração.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um marinheiro me disse...

Quando o mar abraça as nuvens, e o ar assopra a vela, fica no continente a vista mais bela...
Mas a dor dos pés terrenos não sabem ao horizonte olhar, se não tiverem em olhos lágrimas, lágrimas salgadas de mar.
E quem vai ao longe enfim, sente a leveza pesar, a liberdade ao convés, o amor a beira-mar.
Sabe porém o navegante, das histórias que ouviu por ai, que se deixar o seu barco errante, o seu amor vai ruir.
O grande laço eterno, é essa saudade sem fim, quando o amor é completo é porque ele chegou ao seu fim.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Efeito colateral

Sinto um fim de anestesia, um abraço farpado, um medo de cair. Suspende-se meu ar, grassam-se fervências sobre meus pulmões, tremem meus cílios. Não sei chorar sem razão.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

It won't last forever

Leaves fallen of their own trees.
The cup of coffee empty.
Wind blowing, wind wild.
The song has its end.
The moon needs to go away.
Nothing last forever...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Suddenly you.

I am not sure about this thing happening.
You were gone, you have left me.
I am not talking about distances.
You just haven't cared...
My heart was broken,
My hands fell in desperation.
You were gone without a goodbye.
You left, yet you haven't seen my eyes.
I merely can't understand why...
Love is such a stupidity.
What is happening now?
Who cares about how I feel?
Did you ever cared?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Assopra a vela e toca

Serpentinas coloridas,
luz do sol em bailarinas
sapatilhas dançarinas
gargalhadas de meninas!
hoje a festa é no meu quintal
é festa de 'butiquim'
tem samba de carnaval
e tudo que é bom pra mim!
Sorrindo eu vou é cantando
os anos todos até aqui
Agradecendo eu vou é brindando
tudo de lindo que eu já vivi!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Versinho

Cacos e anedotas,
curtos vôos de deslumbramento,
cintilam ao céus em frações de tempo,
chovem admirados no quente cimento.
E então, anedotas e cacos
já encerrados, breves, extatos,
percebem seus atos: sofrimento!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quietude

Meu silêncio hoje é triste. É um silêncio de choro velho, de cansaço arrependido, de esperanças mal dormidas, de desejo em tons de cinza.
Hoje meu silêncio é vazio. É uma solidão medrosa, uma conversa sem prosa, uma flor que acabou de dormir.
É um pedido de colo, uma saudade de amor, uma fraquesa escondida.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Voar

Aprendi que a velocidade formiga a felicidade.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Folhas de Agosto.

Encontrei uma paz no vazio. Não houveram noites mal dormidas, não houveram profundas feridas.
As folhas de Agosto cairam brancas, brandas sobre a minha existência.
Não senti arrepios, não vibrei, mas respirei com mais calma, com mais tempo de ar.
Foi leve, meio triste, meio solidão. Como um dia de nuvens, de brisa mansa, de livro na mão.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Anne, de s amada...

Ela acelerou os passos, passou rapidamente pelo corredor do escritório. Seus lábios estavam apertados, ela prendia a respiração. Bateu a porta do banheiro e, finalmente ausente de presenças, pode soltar o ar. O ar e as lágrimas.
Como doia. Uma dor física.
Alisou com os dedos o contorno de suas sombrancelhas, tentando desesperadamente encontrar a solução para aquilo que a machucava. Sabia que tinha que esperar. Esperar o tempo, esperar que a dor fosse embora.
Secou suas bochechas avermelhadas, apoiou-se na pia e levantou a cabeça a fim de encarar seus olhos, seu sofrimento. Era a hora de aceitar.
Ela acreditava no amor, ela sofria o amor, ela errava o amor...
Respirou fundo, a dor estava lá. Iria um dia embora?
Anne juntou suas mãos, deixou cair suas pálpebras por alguns segundos, sussurrou pedidos secretos, e, veloz e decidida, abriu a porta e saiu daquele pequeno calabouço.
Parecia estar um pouco mais frio, ou ela se sentia um pouco mais leve.
Fez uma pausa antes de voltar às tarefas. E depois desses minutos profundos o trabalho ocupou sua atenção.
A noite Anne abriu uma garafa de vinho malbec, tomou duas taças lendo um livro. Ficou descalça, desligou o celular. Lavou a pouca louça ouvindo Debussy. A noite foi quieta.
Ela dormiu bem.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Notícia.

Quatro xícaras de café na mesa, um cinzeiro com dois tocos de cigarro, as cadeiras afastadas, cada uma para um lado.
Ela lia no sofá. A sala estava limpa, mas haviam caixas de pizza, de lanche, de batatas fritas e de yakissoba amontoadas em cima da mesa de centro. A lua deixava sua luz em rastro pela janela, o vento assoviava quando o silêncio permeava a casa.
O telefone tocou e ela ainda o deixou tocar trez vezes para não perder o final da frase. Quando finalmente atendeu perdeu o livro todo.

sábado, 20 de junho de 2009

Lição

A independência é um grande medo,
coberto com ar de firmeza.
Esconde sob sua coragem
a desproteção, a delicadeza.
O coração que a tem,
não é por isso facetado,
traz a vontade e o bem,
mas precisa também ser cuidado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pulsação

Ele correu na beira da estrada.
Ao lado da ausência de estrada havia um campo amarelo. Trigo, mato seco, feno, não sei, só sei que era amarelo.
Seus olhos corriam entre carros, asfalto e céu azul.
O tênis e a pequena fração de tempo do toque. Tum. Pulsavam ele e todo seu mundo.
Ele pensava naquilo, sua velocidade e seu sangue gastavam seus pensmentos. Era bom.
O ar entrava, o ar saia. O ar era frio, o corpo era quente.
Em um certo momento ele sentiu-se leve, achou que não mais corria, voava.
E começou a ver-se cada vez mais longe daquilo.
A estrada era agora o seu caminho, e ele não podia parar, parar poderia ser cair.
Cada vez mais gastos a cada passo, os pensamentos foram deixando de existir...
Aquilo agora era memória, e ele estava pronto pro que havia de vir.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Amar sozinha dói demais, melhor te odiar.

Essa é a minha luva de pilica,
para chegar ao peito de quem se anula.
Que arte indecorosa fazer-te paixão,
quando ao teu leito não deita ninguém,
porque não há espaço além de ti.
Só tu sofres, só tu não choras.
E comovida deixei-me iludir.
Chamo esse meio caminho,
dos que não decidem para não errado optar,
por caminho dos covardiados,
tão covardes, tão coitados
que ali sempre hão de estar.
Fora para sempre, amargo do meu coração,
nunca volte aos meus olhos olhar.
Tua indiferença fez a minha invalidez:
nunca um dia vou voltar a te amar.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Enrijecer

Vejo pelas janelas das viagens meus olhos suspensos.
Quando olhei as estrelas entre as montanhas achei que tinha entendido.
Não entendi nada.
Nunca entendi nada.
Pensei que não era de entender...
E esse silêncio é o meu silêncio.
É a voz que eu calo em mim.

domingo, 24 de maio de 2009

Meu filme

Se eu pudesse faria parte de uma ficção,
e ao invés da donzela encarnaria o vilão.
E pelas cenas se passando,
Sob o mar ou no universo
iria meu crime se revelando,
um crime frio e perverso.
E ao final quando o mocinho inteligente
armasse minha captura
eu riria desesperadamente
e me entregaria a desventura.
Melhor assim a vida inteira:
castigo pela crueldade
à sofrer a espera de quem se alheia
e viver sonhando a eternidade.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

poema

Shakespeare.

De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

Não tenho entendido a mim pra ser autora do que penso e sinto...sorte ter a quem roubar...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sentando na mesa...

Janta
Marcelo Camelo

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that I'm sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Will be both us and you and them together
Cause I can forget about myself, trying to be everybody else
I feel allright that we can go away
And please my day
I let you stay with me if you surrender

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
(I can forget about myself trying to be everybody else)
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
(I feel all right that we can go away)
Pode ser a eternidade má
(And please my Day)
Eu ando sempre pra sentir vontade.
(I'll let you stay with me if you surrender)

..............................................................................

Hoje li uma reportagem na resvista Vida Simples que fala sobre as nossas frustrações, a matéria discorre falando das nossas expectativas em demasia e que por serem inatingivéis nos frustram, mas em contraposição mostra que não podemos viver sem elas, as expectativas são os geradores da nossa felicidade, se não acreditarmos em algo, qualquer coisa que seja, a vida não tem sentido, perde a motivação.
Quando terminei de ler senti uma certa revolta, então é tudo insolúvel? Desiludir-se é inevitável quando se cria expectativas, mas não criá-las é ser assombrado pela depressão.
Bom, como uma boa pensadora gastei horas nessa atividade de refletir, seria fácil dizer "crie expectativas menores, ou menos expectativas" ou coisas assim, mas para mim não funcionam esses conselhos. O que decidi foi que vou dar asas às minhas expectativas, vou continuar achando que tudo vai ser como eu quero, como eu espero, mas adotei uma "cláusula adenda", se tudo der errado, tudo bem!
Vai doer, vou sofrer, mas vai passar... Vai ficar tudo bem!
O meu esforço e sonho só vão durar até o meu coração quebrar...depois disso não haverá mais expectativas, haverá o caminho da paz.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ao tentar te dizer...

Infeliz sentar-me aqui por horas. Infeliz ato vazio. Quero dizer o que não encontro em palavras, quero expor o que eu sinto, mas nem sei que sentimento é.
Deveria estar no jardim, cheirando dama da noite, vendo a chuva fina cair. Deveria comprimentar a noite, ser companhia para a brisa... Mas estou aqui, a contemplar essas letras simétricas, a filosofar sobre minha vida de luz, a reclamar do amor, a contestá-lo...
Escrita inútil, nada diz, nada quer dizer. É o pudor do dizer simples com o profundo do que se quer falar, sai coisas assim, sem pedaço de sentido nem parte de clareza, poesia? Não, proeza.
Antes fosse eu direta, sentia, caia na linha e a verdade era essa.
Mas é a sina que me veio agora, não ter pelas palavras o meu acalento. Dormir na fervura dos meus pensamentos, e ser triste por um breve momento.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Noite mal dormida

A ansiedade foi contorcendo seu pescoço, tanto que a cabeça girou três vezes no sentido da lua. Depois a ânsia desceu pro estômago criando bolhas de sangue que explodiam a cada minuto, dando a sensação de gorfo. Uma inquietude vociferante ecoava entre seus seios silenciosos, e as mãos desacalmadas feriam sua barriga em unhas, sem querer, em descarrego.
Um grito dilatante que permaneceu na idéia, pensamentos de calma esmagados pela angústia. Ela chorou. Chorou pouco, nem se ouviu.
No quarto uma penúmbra de noite, um frio de madrugada, a respiração da casa dormente.
A inconsistência do existir, a dificuldade do coexistir. Um medo de raízes longínquas, a falta do equílibrio das solidões. Ela respirava o pó das suas vivências e não sabia quem era, nem o que queria.
O desespero de não ter para si mesma uma ideologia viva.
Correram formigas por suas pernas, subiram na linha corcunda de sua coluna em feto. Quem lhe daria respostas? Quem se não ela?
E em meio ao ciclone de seu desassossego o sono conduziu-a ao marasmo do sonho. Adormecida deixou calar as razões todas e só se ouviu o palpitar do coração. A noite largou as horas e as estrelas se esconderam para o dia nascer.

terça-feira, 31 de março de 2009

Sussurros

Disseram-me que voltei mais silenciosa. E começo a concordar.
Mas é no meu silêncio que percebo realmente o que sinto. Antes passavam as coisas e além de marcas não sobravam sentimentos, nem memórias.
Hoje oculto em mim um grito de conquista, conquistei meu próprio amor.
E então quando calo, não penso mais estar perdendo e sim me protegendo. Ou então deixando só para mim o sabor do saber.
Estou diferentemente forte, estou certa de que possuo um porto como nenhum outro, o reconheço agora, deixo-me voltar ao cais. Sei que tudo ficará bem.



Também é no meu silêncio que meu coração quase toca o seu...
mas ainda falta...

domingo, 22 de março de 2009

Reticências

Meu sono domina, mas não quero deixar de falar...
hoje vi as verdades que fazem minha sina.
Acho que nunca precisei de tanta calma, teimosia pacífica.
Só temos uma vida, não dá para experimentar...
Vou ousar o silêncio.
Estou vivendo a ação do meu pensar.

domingo, 15 de março de 2009

Bifurcação

Oscilo entre razão e sentimento.
A pressa das minhas vontades, a ânsia digna pela paz, nunca me contento.
Parece que quando sei o caminho o esqueço por todo segundo,
me confundo, me enlouqueço.
É injusto o que não tem portas, mas também o é quem as tem demais.
E fazer o que se ao atravessar a batente eu quiser voltar atrás?
As vezes tenho vontade de me lançar à um vício, não sei qual.
Antes pudesse eu fumar um cigarro para queimar com as suas brasas esses tantos, tolos pensamentos. E então viver mais leve...
Leve com a fumaça que iria pela garganta fria encher meu corpo solitário.
Pensar, pensar, pensar.
Faz de mim escravo das idéias e dores, dores e idéias que ainda não são em verdade idéias e dores mas apenas aspirações do destino, utopias estúpidas.
Minha razão indolente atada pelo meu coração afável, minhas estradas a seguir com minha falta de guia, me dá uma bela ceia de insônia e de ablepsia.
Desejo apenas a imensidão do céu, para reger minha alma mergulhada, entranhada nesse mar de poeta que de tantas lágrimas nunca seca.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Conselho arrependido.

Meu silêncio falando por mim.
Mas quando devia calar, falhei.
Disse a um coração em chamas contidas que o amor não mora a espreita, as escondidas.
Que a razão só demora e serve fria, a fatia mais linda e doce da vida.
Falei por cantar alto demais as rimas que se faziam em mim,
Mas não pensei causar em seus olhos tanta culpa e pena de si.
Espera amiga, não é a hora.
Sua história realizar-se-a enfim...
O amor que eu disse outrora talvez seja paixão, chama curta em capim.
Tenha pra si o seu mundo,
Viva a sua vida sim,
Pois sem ti, amor nenhum fica junto
e a eternidade vira um ponto e fim.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Entregue

Hoje enfraqueci. Cai do alto das torres todas que me protegem. Perdi meus grilhoes, meus alicerces e chorei.
Não houve nada, só abri mão da forca, da convicção.
Tive medo, quis colo, quis ouvir ''estou aqui''...
Abri meus portões de ferro, arranquei meus escudos orgulhosos, fiquei indefesa.
Quero mais é ir na calma, só que meu coração também precisa de amparo... Precisa de alento para acreditar...
Não é sempre que assumo perder as espadas, nem costumo deixar-me perdê-las... Mas as vezes é bom ser a princesa e não o heroi...desesperar-se por nada ao lutar no suor da vitória...ser a espera ao invés de conquistar...
Minha lágrimas teceram meu vestido de brisa, este me concedeu meu perdão. Não há força que dure para sempre.

sábado, 7 de março de 2009

Uma pausa pra sentir.

Hoje fechei os olhos para o sol. Fechei porque ardiam meus globos oculares, porque seu calor fazia-me suar as pálpebras, porque queimava-me sem a doação da sombra.
Eu fechei os olhos para o sol. Eu, justo eu que tanto o consagro, o venero, o vigio.
E rejeitando os raios pelos quais rezo, renegando as explosões dos átomos em plena dança e arte, pensei ser ingrata. Senti tristeza por não amar ao sol incondicionalmente, senti falta de desejá-lo.
E sofrendo um pouco assim, sem jeito, na luz escura que surgiu entre o sol e meus pensamentos deixei-me caminhar na sua ausência. O frescor aliviou-me o cansaço, devolveu-me o vigor. Foi lindo deixá-lo...
As vezes isso acontece. Um dia comum em que o mundo me faz refletir. Somos todos tão pequenos, somos todos que não cabemos no universo. A alma expande, o coração grita estrelas. O meu tem gritado luas...
Mas a noite passa, o destino escreve, o vento leva os abraços e sabemos que tudo ficará bem.
Vai ficar tudo bem meu bem...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cansaço.

Por que me permito ser o tracejado que não se completa?
O rascunho, as colchias, a parte de trás da flecha?
Por que me deixo ser, do quebra-cabeça, a peça extra?
O fantasma da foto, o caule da flor, a sobra da reta?
Por que me engano que ganho quando me calo?
Acho que já não é, só porque não falo?
Por que, e eu insisto, por que?
O que me faz me amar menos que a você?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nunca te fiz nada, delirei.

Sempre sorri pro seus olhares,
sempre brindei suas conquistas.
Ri dos tropeços e visiteis seus becos, ou não.
Nada é certo aqui, nesse sonho, nessas férias de realidade.
Você pode partir, eu posso ir embora.
Mas nos bares, nas esquinas, no meio da multidão...sentirei saudade.
você enche meus dias, nomeia minhas cervejas.
divide meu pensamento.
Enfim.
Que caiam os flócos de neve, que venha o sol do verão, que as missas sejam breves e as insignificâncias eternas.
Que venha o nascer-do-sol, as borboletas em flores, as águas de março...
Não me importam as horas, deixei as razões...quero você aqui, perto, pra escutar comigo essa canção.
Sempre, do curto prazo que me estendo, senti.
Fique, ou voe pro horizonte, eu nos vivi.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

adeus para libertar

Meus dedos ansiavam as letras, mas não sabiam escolhê-las.
Tanta coisa tem me passado pela cabeça...regredi.
Como se eu lesse jornais passados, peguei-me a visitar minhas antigas notícias.
Antigas escolhas, antigos amigos, antigos amores... Estive num museu de mim. Pensamentos me ocorriam e corriam.
Vi as fotografias de quem fui, e relembrei quem esteve comigo. Momentos do passado, que foram meu caminho pro presente.
Não sabia o que fazer com essas lembrancas, carregá-las era estar presa, deixá-las era se perder. O que fomos ou vivemos é o que nos permite ser e viver o que queremos. Como esquecer tudo então, para estar leve, para estar livre, se leve demais voa para o nunca mais?
Foi então que um som tocou meu coração. Coloquei minha vida nas sinfonias de Beethoven, Mozart, Bach. Nos violinos foi-se minha infância, no som das flautas deixei partir meus rancores, nas teclas do piano chorei as felicidades e os arrependimentos.
Nas pausas resgatei meus silêncios e gritei.
Quando a música ganhava velocidade abracei, em sonho, todos os quais senti saudade.
'Um beijo na testa meu bem, o que foi não volta jamais.'
Guardo minhas memórias nessas canções, sei que ali serão eternas mas permitirão-me dançar.
Por isso, adeus.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Tac que não te tic.

Sinto falta já do tempo que não vou ter,
pra abraçar meus amigos,
pra visitar meus parentes,
pra trocar idéias com meus pensamentos.
O mundo corre rápido demais pro meu cronômetro...
E eu deliro minutos em horas,
vão como grãos os segundos pelas minhas mãos...
queria fotografar a felicidade que sinto, para nunca esquecê-la.
O que vem me assuta, mas se não vem, o que é que tem?
O vazio do esperar, o risco do seguir em frente.
Aprendi a não ter pressa de chegar, e que chegar é o presente,
mas a quem se apoiar? Não ao tempo que corre pra sempre...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Wild West

Eu queria entender melhor o funcionamento do mundo.
Sempre busquei pontuar ações, reações, momentos. Julguei todos e julguei a mim.
Eu estava a procura de soluções simples, quase como matemáticas, as quais uma vez que eu aprendesse teria o domínio da vida.
Achei muitas vezes que eu tinha o controle daquilo que eu sentia e do que eu viria a sentir, era prático, eu escolheria e assim iria ser. E isso pode parecer arrogância, e talvez seja. Não sei porque cresci com essa prepotência de enquadrar tudo na minha moldura. Por um lado não foi de todo ruim. Realizei grandes coisas por simplesmente acreditar que poderia realizá-las.
Mas essa metodicidade dos dias, esse controle imaginário, isso tudo, percebi não há muito tempo, são pesos inúteis, são leis que limitam nossos caminhos.
Hoje tenho medo, e não me importo. Não acho que isso me enfraquece ou me diminui. Estou assustadissima com tudo a minha volta, com a rapidez com que as coisas podem mudar, com a diferença do meu olhar perante o mundo e seus enigmas, seus mistérios e seus milagres. Não possuo rédea alguma, não estou a frente de nada. Tudo pode acontecer, e isso é Divino.
Vivendo na corda bamba, na espera sem espectativa dos muitos futuros que posso vir a ter.
É uma paz tortuosa, sem aplicações garantidas na bolsa de valores, nem a certeza da quitação das parcelas da faculdade pelos próximos 12 meses, mas é um sentimento que preenche, que faz com que a cada respiração eu me sinta bem em existir, é o risco de existir, é o viver livre.
É caber-se no espaço que nos foi dado, o nosso, de espectadores dessa imensidão de belezas, da vida, sem contas, sem perspectivas e previsões. Eu morro de medo, mas me apaixonei.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

evaporar

na garganta preso o meu silêncio arde,
consome salivas vãs
expulsa lágrimas que relutam

mas a dor cede ao afeto,
o coracção nao deixa de sentir,
e o beijo doce é minha sina
é a mágoa do meu nascer do sol

é a saudade,
é meu olhar tornando sob o ombro,
é a vontade de ganhar seu mundo

e eu devo deixar-me evaporar,
na espera perder os minutos,
no desejo desintegrar os sonhos,
apenas estar, para sangrar menos sua falta

falta ser meu.