sábado, 20 de junho de 2009

Lição

A independência é um grande medo,
coberto com ar de firmeza.
Esconde sob sua coragem
a desproteção, a delicadeza.
O coração que a tem,
não é por isso facetado,
traz a vontade e o bem,
mas precisa também ser cuidado.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pulsação

Ele correu na beira da estrada.
Ao lado da ausência de estrada havia um campo amarelo. Trigo, mato seco, feno, não sei, só sei que era amarelo.
Seus olhos corriam entre carros, asfalto e céu azul.
O tênis e a pequena fração de tempo do toque. Tum. Pulsavam ele e todo seu mundo.
Ele pensava naquilo, sua velocidade e seu sangue gastavam seus pensmentos. Era bom.
O ar entrava, o ar saia. O ar era frio, o corpo era quente.
Em um certo momento ele sentiu-se leve, achou que não mais corria, voava.
E começou a ver-se cada vez mais longe daquilo.
A estrada era agora o seu caminho, e ele não podia parar, parar poderia ser cair.
Cada vez mais gastos a cada passo, os pensamentos foram deixando de existir...
Aquilo agora era memória, e ele estava pronto pro que havia de vir.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Amar sozinha dói demais, melhor te odiar.

Essa é a minha luva de pilica,
para chegar ao peito de quem se anula.
Que arte indecorosa fazer-te paixão,
quando ao teu leito não deita ninguém,
porque não há espaço além de ti.
Só tu sofres, só tu não choras.
E comovida deixei-me iludir.
Chamo esse meio caminho,
dos que não decidem para não errado optar,
por caminho dos covardiados,
tão covardes, tão coitados
que ali sempre hão de estar.
Fora para sempre, amargo do meu coração,
nunca volte aos meus olhos olhar.
Tua indiferença fez a minha invalidez:
nunca um dia vou voltar a te amar.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Enrijecer

Vejo pelas janelas das viagens meus olhos suspensos.
Quando olhei as estrelas entre as montanhas achei que tinha entendido.
Não entendi nada.
Nunca entendi nada.
Pensei que não era de entender...
E esse silêncio é o meu silêncio.
É a voz que eu calo em mim.