segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Mitigar

Embalo teus soluços,
Abraço teus pesares.
Não me largo de ti.
Teu choro no meu colo,
meus dedos a te achar...
'eu estou aqui'.

Amanso tua dor,
Versejo teus olhares.
'eu também já sofri'.
Teu ardor no meu peito,
meus braços a te amar...
'Deixa, eu cuido de ti'.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Desejo oculto

Como pude eu me desarmar,
E abrir o peito frio ao teu calor,
E já perder a nitidez do olhar,
porque ceguei-me cedo de amor?

Como se ainda correm em minhas veias
o fél, a mágoa, o suspiro da saudade,
e ainda presenciam as minhas ceias,
as lágrimas ausentes de piedade?

Rezo à Deus pela minha fortaleza,
devolva-me o senso e a nobreza!
Em teu anseio eu sei, me desespero..

Não quero acreditar em sonho ainda..
Porque eu mesma vivo um sonho que se finda..
Mas vejo o meu fracasso, porque te quero...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Anonimato

Pelas ruas sombrias.
Por detrás.
Envolto em cochias,
é onde estás.
Sempre à retaguarda,
sob um olhar curioso,
De tudo te apartas,
pouco ruidoso.
Vais assim vagando,
sempre às escondidas,
segues ocultando,
verdades perdidas.
Ah, o anonimato,
se eu souber,
eu mato!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sempre cabe mais um.

Carlos matou um legislador.
Entrou no parlamento e matou um desgraçado. Hipócrita! Burocrático! Legislanada!
Carlos morava na Zona Leste da grande São Paulo. Todo dia acordava as 5:30 da manhã, caminhava até a rua Ipojuca e, depois de ums 15 minutos esperando o ônibus, embarcava na linha 7985/10 - Dona Maria do Sufoco. Descia, após 35 minutos de viagem, na rua Cajaiba e embarcava novamente em um ônibus 175P/07 - Socorro do Aperto. Iam-se por aí uns 15 minutos, se o trânsito estivesse bom.
Carlos, então, desembarcava na rua Ribeiro do Vale, para pegar sua terceira linha de ônibus do dia, 995A/15 - Santo Amargo.
Aí Carlos trabalhava o dia inteiro. Quando dava 18h ele voltava para casa.
1ª linha: 557Y/10 - Jardim Fedidinho, 2ª linha: 188Z/14 - Terminal Encoxação, 3ª linha: 4152/11 - Acimadalotação, 4ª linha: 14bláblá/05 - Aleluia Finalmente.
A noite Carlos não saía, não tinha amigos e estava economizando: ía comprar um carro!
Depois de alguns três anos e 11 meses ele conseguiu juntar um dinheiro razoável para pagar a entrada e... voilá: um Uno!!
Ah, Carlos estava feliz! Sentia-se aliviado, confortável. Ficava três horas no trânsito, mas era outra pessoa!
Carlos sorria sempre, fez amigos, arrumou uma namoradinha.
Mas um certo dia Carlos viu um de seus colegas de faculdade no ponto de ônibus, e, mesmo estando com o carro cheio, se comoveu pelo companheiro e disse:
- Sobe aí, um apertozinho não machuca ninguém.
E o uno seguiu caminho com 6 pessoas.
Claro, Carlos não era sortudo. Marronzinho, CET, multa.
Aí Carlos matou o cara do parlamento, porque ele se considerava justo.
É...Tem gente que é "doido" mesmo.