terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coração sombrio

Do que se alimenta a alma entristecida?
Um consolo sem nome? Uma esperança desconhecida?

Sentir o ardor leve nos olhos prontos,
prontos para o pranto, mas guardados em sua dor
E converter-se em cético
E desfilar-se em vazio

Encontrar o silêncio, e tentar convencê-lo a falar.
Só não há nada a se dizer.

As horas voltarão a cobrar,
os lábios voltarão a sorrir,
o vento continuará a soprar, ele nunca parou.
E a vida terá a graça criada pelas nossas esperanças.

Eu sei, que esse íntimo ardido, que esse eu desentendido
vai passar...
como passa a memória, ao caminhar

Mas esse espaço hoje me enlaça
faz-me companhia sutil...
minha respiração é funda,
e meu coração sombrio.

Estou a apagar as luzes,
deixar o breu em mim
e sofrer aquilo que me dói,
como se a dor não tivesse fim.

Ouço meu corpo a falhar,
olhos murchando a cada respirar,
a boca seca a secar...

Que será dessa alma cansada
como todas, na mesma estrada?
Um suspiro, um amém,
uma fé que não se tem.

É um passar de capítulos,
da ignorância escolhida
de ser feliz,
apesar da vida.