domingo, 11 de dezembro de 2011

Pôr-do-sol

Deteve-se a meia luz dos raios que se despediam. Parou o andar quieto e seus olhos se esqueceram de piscar.
Estática, seus pensamentos circularam com seu sangue, e ao peito surgiu o borbulhar quente dos sentimentos.
Os dedos tímidos se entreabriram, pêndulos alinhados as coxas.
Ela respirou. Olhava o nada que dava para o sol, o pouco do sol do dia que partia.
Imóvel, seu silêncio aflitivo revelava sua dor. O olhar pesado e cego condescendiam com sua angústia.
Precisava esquecer. Precisava entender. Precisava encontrar-se. Era tarde, sempre é.
Não entendia o rumo das coisas, não combinava os mistérios das causas. Queria poder refazer-se e regressar para vir de novo. Mas talvez fosse ser mesmo assim.
Ao longe chamou-a alguém. Que é que tinha?
Os cílios acordaram frenéticos, o vento soprou de leve como que para apagar sensações. Entrecruzou os braços, fechou os punhos. Olhou para fora, para o chão, e caminhou novamente. Para algum lugar que a estava levando.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando o amor fere

Ver ferir-te o peito a mão amada,
calar-te o orgulho, estar atada.
Deixar cair a ti lágrimas do silêncio,
e sentir as dores, sentir o nada.

Ver ferir o peito amado a tua mão,
calar-te em tudo, perder a razão.
Deixar cair a ti lágrimas do desepero,
e sentir as dores, sentir o não.

Muda

As minhas palavras se calaram... perderam em si a coragem...
são quietas, indiferentes, nada dizem mais de mim...
Muitas coisas se calaram...perderam em si o sonho...
são passado, vazias, nada tiveram de mim...
Crescer dói imaterialmente... dói e não há mais lágrimas que curem,
dói e não há outras verdades...dói e é preciso entender que sempre doerá.
Crescer é um calar de palavras...É um estar são para não ser louco...
é olhar pro mundo e inventar sentidos, sentidos já inventados.


domingo, 25 de setembro de 2011

Felicistreza

Ai meu coração...
está em pleno tiroteio!
Feliz vem a emoção
e triste se faz pesadelo.

Estala no meio do peito!
Arde todo pensamento...
Está suspenso,
em antítese de sentimentos...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tristeza

Quando do teu berço, amor, cairem as estacas,
Não te apavores, ficas em teu lugar.
As estacas sempre caem,
E eu dividirei contigo o ar pesado...

Meu ombro acolherá teus olhares
Tuas mãos terão minha companhia
E as trevas hão de passar.
Eu cuidarei das tuas tristezas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Identidade

A minha identidade,
aquela perdida danada!
vadia pela vida,
fugindo por cada estrada...

Não sabe pra onde vai,
não sabe de onde vem.
Se esbanja e depois se contrai,
com medo de si mais ninguém!

Identidade indecisa...
Quer o mundo e toda gente.
Mas depois vê que só precisa
daquele amor incocente.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Congelados

O frio abraça os meus dedos,
Levanta delicadamente os meus cabelos
E brinca com a minha nuca,
Ele vai passeando pelas frestas
Dos casacos, dos sapatos
Se infiltra em minhas meias
Morde as pontas dos meus pés
Escala dançante as minhas pernas
Senta em meu nariz,
Mesmo assim sinto-me feliz.
O frio de fora a gente espanta
O frio interno é que amedronta!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O que ouves?

As vezes perdemos a voz. E mesmo que entre as trilhas do sangue pulse em nós o desejo de dizer, nada sopra som. Nada ecoa.
Perder a voz faz parte.
Reencontrá-la, é arte.
Com voz, os silêncios são menos vazios.
A casa é companhia.
A ideia vira poesia.
Dizer, gritar, sussurar.
não opiniões, discurssos, assaltos.
Dizer, gritar, sussurar identidades.
Verdades de nós, ou mentiras, que ninguém mais possuí.
A voz. O que ouves?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Falling

As if a devil had put his hands on me
I felt like giving up
I'm not strong enough, I never was

Dying with an empty heart
my blood drying, leaving wastes
I had nothing else to feel

That desperate song,
my weakness awake
It's less I needed to depart

But, as if an angel had put his hands on me
your love saved myself
and there was still hope

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Carelessly

back off
my space
so drained,
so streched.
I hate when you act like that
feelings in dance.
lost emotions, sad them
I don´t know this language,
my heart is just flipping around.
I´m loose
I´m crying
I don´t care.

sábado, 11 de junho de 2011

A volta

Feliz de quem volta a sua própria morada,
do natural mais humano,
do coração mais curado.

Perder a civilização por um pouco de paz,
e na paz achar a si flutuante,
de passado livre que ali não jaz.

Antes simples fosse arrancar os pontos,
fazer translúcidos os medos arraigados,
deixar desatar cicatrizes.

Mas a dor é memória.
E não se volta nunca como se foi.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Habitante de mim

Hoje me falaram vozes.
Vozes de não sei quem.
Um eu talvez bem distante,
que com intenções errantes,
quis ver se eu ia bem.

Esse habitante inquieto,
falante e desacorçoado,
sentou-se do meu ouvido ao lado
e foi me contando estórias,
estórias tristes de ninguém.

Meu coração calado,
tão penoso, tão divagante,
sentiu-se acorçoado
e entregou-se ao habitante tenebroso
que ia e ria com desdém.

Esse eu maldito,
de vozes infernais!
Não pode me ver feliz,
que infelicidades me traz
é hora de despejá-lo,
de deixá-lo partir para o além.

E que assim seja, amém!