segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cri cri

Leva o ar aos montes brancos, nos choros de neve, a sua lembrança.
Que vista branda da tua janela, que coro enclausurado!
Um medo que é seu e nos aparta, como ao soltar a flecha a mão perde sua vez,
Fica então apenas as rasas, rosas, lindas, claras, tão claras, vagas, quase que apagadas, as memórias.
Nada dançou aos céus, nada brincou de noite, nada presenciou os pôr-do-sol do meio dia.
Nada de você.
À margem do rio, à espera, deixei partir os peixes, as sereias, as águas mais límpidas. Adormeci como as pedras. E já não sabia mais se eu estava no rio, ou se o rio vinha de mim...
As estações mudam de repente, são previsões inquietas.

Amar presumidamente é de quem mente, de quem esconde por de trás das flores o sopro da desilusão...
O seu canto é grilo no mato, e não mais preenche o meu coração.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um marinheiro me disse...

Quando o mar abraça as nuvens, e o ar assopra a vela, fica no continente a vista mais bela...
Mas a dor dos pés terrenos não sabem ao horizonte olhar, se não tiverem em olhos lágrimas, lágrimas salgadas de mar.
E quem vai ao longe enfim, sente a leveza pesar, a liberdade ao convés, o amor a beira-mar.
Sabe porém o navegante, das histórias que ouviu por ai, que se deixar o seu barco errante, o seu amor vai ruir.
O grande laço eterno, é essa saudade sem fim, quando o amor é completo é porque ele chegou ao seu fim.