terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coração sombrio

Do que se alimenta a alma entristecida?
Um consolo sem nome? Uma esperança desconhecida?

Sentir o ardor leve nos olhos prontos,
prontos para o pranto, mas guardados em sua dor
E converter-se em cético
E desfilar-se em vazio

Encontrar o silêncio, e tentar convencê-lo a falar.
Só não há nada a se dizer.

As horas voltarão a cobrar,
os lábios voltarão a sorrir,
o vento continuará a soprar, ele nunca parou.
E a vida terá a graça criada pelas nossas esperanças.

Eu sei, que esse íntimo ardido, que esse eu desentendido
vai passar...
como passa a memória, ao caminhar

Mas esse espaço hoje me enlaça
faz-me companhia sutil...
minha respiração é funda,
e meu coração sombrio.

Estou a apagar as luzes,
deixar o breu em mim
e sofrer aquilo que me dói,
como se a dor não tivesse fim.

Ouço meu corpo a falhar,
olhos murchando a cada respirar,
a boca seca a secar...

Que será dessa alma cansada
como todas, na mesma estrada?
Um suspiro, um amém,
uma fé que não se tem.

É um passar de capítulos,
da ignorância escolhida
de ser feliz,
apesar da vida.
 

4 comentários:

Vivi Salsa' disse...

Como sempre arrasando nos textos que traduzem a alma ... Posso até imaginar quando foi que escreveu ele ... Lindo! Igual vc!

Luiz Bianchi e Bernadete Condello de Oliveira disse...

Minha poetiza.
Adoro sorver suas poesias.
Voce é um espirito magnifico.
Te amo!

Luiz Bianchi e Bernadete Condello de Oliveira disse...

Laura. Acho que eu me converti num cético.

Luiz Bianchi disse...

Laurinha minha querida.
Cada vez que leio sua poesia vejo algo diferente.
Você não para de me surpreender.
A sua capacidade de enxergar as coisas simples do viver, do caminho em si, das solidões e do destino que se busca, sem buscar, que está lá a esperar, é incrível.
Você é fantástica.
Te Amo.