quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Força da fé

Ao achar-se inimigo de si mesmo
ver-se preso, refém do medo
Ao sentir-se inconstante,
mal amigo, traidor de si, perdido 

Rezai por um pouco de paz
Porque a cabeça os nervos trai
e o que se vê não se vê mais

Chamai por fé, a fé que for
Que a fé sempre vem de amor


sábado, 7 de janeiro de 2012

Grito

Não podia perder a voz, mas já não sabia falar.
A raiva tomava a boca, mas o amor a fazia calar.
E gaguejando torto o pensamento entruncava,
as razões e as palavras titubeavam pelo ar.
Como dizer o que seja, se o argumento já vem,
quebrando as retóricas, ganhando lógicas,
que lógica nenhuma tem?
Como lutar pela razão, essa traira vazia,
servente do orgulho, troféu sem valor,
se as discórdias são certas e o amor também?
Ficava então a engolir, aquilo que tivesse de vir,
a proteger o romance, achando-se solução.
Ilusão.
Um pouco de grito faz bem.




Orgulho

Orgulho que a quem fere faz-se amo,
proclama a dor e cega a alma,
carrega os olhos às chamas
e ilude quem palpita, o coração.

Faz dos pés buscas tardias,
envenena cada palavra,
enrruga a boca e a face,
e não diz nada, apenas: não.


domingo, 11 de dezembro de 2011

Pôr-do-sol

Deteve-se a meia luz dos raios que se despediam. Parou o andar quieto e seus olhos se esqueceram de piscar.
Estática, seus pensamentos circularam com seu sangue, e ao peito surgiu o borbulhar quente dos sentimentos.
Os dedos tímidos se entreabriram, pêndulos alinhados as coxas.
Ela respirou. Olhava o nada que dava para o sol, o pouco do sol do dia que partia.
Imóvel, seu silêncio aflitivo revelava sua dor. O olhar pesado e cego condescendiam com sua angústia.
Precisava esquecer. Precisava entender. Precisava encontrar-se. Era tarde, sempre é.
Não entendia o rumo das coisas, não combinava os mistérios das causas. Queria poder refazer-se e regressar para vir de novo. Mas talvez fosse ser mesmo assim.
Ao longe chamou-a alguém. Que é que tinha?
Os cílios acordaram frenéticos, o vento soprou de leve como que para apagar sensações. Entrecruzou os braços, fechou os punhos. Olhou para fora, para o chão, e caminhou novamente. Para algum lugar que a estava levando.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quando o amor fere

Ver ferir-te o peito a mão amada,
calar-te o orgulho, estar atada.
Deixar cair a ti lágrimas do silêncio,
e sentir as dores, sentir o nada.

Ver ferir o peito amado a tua mão,
calar-te em tudo, perder a razão.
Deixar cair a ti lágrimas do desepero,
e sentir as dores, sentir o não.

Muda

As minhas palavras se calaram... perderam em si a coragem...
são quietas, indiferentes, nada dizem mais de mim...
Muitas coisas se calaram...perderam em si o sonho...
são passado, vazias, nada tiveram de mim...
Crescer dói imaterialmente... dói e não há mais lágrimas que curem,
dói e não há outras verdades...dói e é preciso entender que sempre doerá.
Crescer é um calar de palavras...É um estar são para não ser louco...
é olhar pro mundo e inventar sentidos, sentidos já inventados.


domingo, 25 de setembro de 2011

Felicistreza

Ai meu coração...
está em pleno tiroteio!
Feliz vem a emoção
e triste se faz pesadelo.

Estala no meio do peito!
Arde todo pensamento...
Está suspenso,
em antítese de sentimentos...