quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Saudade oculta

Nunca antes havia sentido a memória tão aflita em si.
Uma vida tão antes adormecida que palpita querendo sair.
Sair pra onde? Sair de quem? Sair num passado que já não se tem?
Ou trazer pro presente as imagens antigas, elas que certamente virão distorcidas?
É certo que essa saudade é uma vontade sozinha. Há de ser quieta. Há de ser minha.




quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O cantar triste da minha gaiola

Pode ser, pode ser.
Um olhar enganado 
Um sentir invertido
Um jeito estranho de me parecer
comigo.
Mas se não estou cá dentro 
Por onde andei?
Vai saber, vai saber...
Na alma dos outros,
Nas plantas, no paraíso escondido.
Livre. Livre de mim.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O medo de alguém

Quando ao coração aborda o medo,
o que resta?
De que presta ouvir?
Ouvir a mim? Um outro eu descabido?
Um cansaço infinito adormecido.
Mas que medo é esse, porém?
É perdido, de certo, é de alguém.
Mas que pressa,
de sentir a vida toda, antes mesmo
da vida que se resta.
E doer as paciências que hão de vir,
e tudo isto pra quê?
Pra ser feliz. Pra ser feliz?
Quem há de falar às minhas entranhas,
suspensas em eterno pensar, do estar,
do querer, do sentir e sofrer,
que é assim? Amar e fim.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Braços

Os braços, quietos.
Contendo em si ansiedades loucas,
De permitir às mãos 
Estraçalhar o peito
E retirar de lá maldades!

Maldades mesquinhas,
Vinganças ranzinzas,
Egoísmos carecas!

Mas...
Braços de almas roucas,
Como podem ferir o coração de outrem?
À quem amam mais que ninguém?

Deixam-se então a calar,
Escolhem, mais felizes talvez,
Fazer o inverso,
Dar um abraço e perdoar em verso.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Guerreiro

De tudo que já criei
Gosto mais de meu guerreiro!
Este personagem oculto,
Escondido por entre mim.

De batalhas as duras penas
Esse guerreiro ganha a cena,
E do fundo lamacento
Vai então me resgatar!

Ele apela às boas memórias,
Ganha tempo contando sonhos,
E desperta meu acreditar,
Sempre foi assim!

As vezes penso que se foi,
Mas o audacioso me engana
Bombeia forças, me tira da cama
E exige um sim!

Este meu guerreiro teimoso,
Parece nem sentir a dor...
Se estou prestes a chorar,
Ele está em seu melhor dispor!

Um guerreiro como poucos,
Que defende um bom ideal:
Vencer a mim, e o meu mal.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Coração sombrio

Do que se alimenta a alma entristecida?
Um consolo sem nome? Uma esperança desconhecida?

Sentir o ardor leve nos olhos prontos,
prontos para o pranto, mas guardados em sua dor
E converter-se em cético
E desfilar-se em vazio

Encontrar o silêncio, e tentar convencê-lo a falar.
Só não há nada a se dizer.

As horas voltarão a cobrar,
os lábios voltarão a sorrir,
o vento continuará a soprar, ele nunca parou.
E a vida terá a graça criada pelas nossas esperanças.

Eu sei, que esse íntimo ardido, que esse eu desentendido
vai passar...
como passa a memória, ao caminhar

Mas esse espaço hoje me enlaça
faz-me companhia sutil...
minha respiração é funda,
e meu coração sombrio.

Estou a apagar as luzes,
deixar o breu em mim
e sofrer aquilo que me dói,
como se a dor não tivesse fim.

Ouço meu corpo a falhar,
olhos murchando a cada respirar,
a boca seca a secar...

Que será dessa alma cansada
como todas, na mesma estrada?
Um suspiro, um amém,
uma fé que não se tem.

É um passar de capítulos,
da ignorância escolhida
de ser feliz,
apesar da vida.
 

domingo, 9 de setembro de 2012

Doente de mim

Estou doente de mim!
Minhas palavras vêem os minutos passar
Mas nada me contam...

E o meu sentir destreinado
Satisfeito, feliz
Fica mudo, calado

E não mais me encantam
Poetas adormecidos a desvairar
Doenças de amor

Já me encontro curado
Perfeito, vivaz
Do amor enamorado

Mas é cruel a alegria
Que a vaidade há de encontrar,
A dor que se pede ao temê-la

Solitário o barco encontrado
Perdido, incapaz
Percebo-me ancorado

Choro enfim minha nostalgia
Escuto um poema a cantar,
E retorno ao silêncio que havia.

Certamente adoeci.