segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ti bumfe

Tem dias que são mergulhos.
Dias em que não há mais o que fazer do que se lançar ao fundo
Do mar.
Do mar de peixes, de peixes do mar.
Porque o mar é dos peixes.
E não há peixe que não tenha o mar, e que não o tema.
Somos de nós.
Temer é fruto do que não tem semente.
Nasce como quem não viu passar,
Cresce como quem não ouviu o vento,
Fortalece-se como quem não falou no verso,
Morre quando o pegam nos olhos, e o olham.
Hoje é dia de mergulho.
Flutuo em mar de mim.
Nado tão ao fundo para encarar quem temo
Que tremo ser peixe.
Que perco o ar, que quero
Não quero,
Voltar. Vou me afogar!
Sinto o frio da água,
Do vazio, das algas em suas coreografias tristes.
Ainda mergulho, no entulho do mar.
E então encontro
Sozinho em mim,
O que outrora preferi não achar.
Mas saltei mar adentro e não posso agora recuar.
Num ímpeto de coragem tomei-o na mão,
Minha mão em palma
Fez-me o olhar.
Olhei tão em seus olhos
Que o matei.
Assim, simples o encarei, e o matei
e sei que vai demorar para ele voltar...
O nado custou meus receios,
o enfado em si tão logo passou.
Posso voltar a margem...
Estou livre para respirar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dessa vez você estava muito sufocada Lau... Gosto da vinha quando ela é doce espontânea.