quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Diálogos finais

"Não sei por quê raios a ausência de temperos dá-se em mim", pensava ele ao descer do ônibus. "E por que estou com isso na cabeça agora? Exatamente quando desço esses degraus, tão pisados como deve parecer o meu rosto!", refletia ao ventos ocos de seus pensamentos importunos. "Sou sem sal. E não adoço ninguém. Quem haveria de se encostar em mim...só me acossam!"
Foi atravessar a rua, nada viu, e quase não pode pensar, mas pensou, " Ai de mim, que nada sou!" E ali ficou, sobre seu sangue sem gosto. morrendo um pouquinho mais...

Um comentário:

Anônimo disse...

QUe coisa mais Lispectoriana!